Jaba Recordati: Atrair e reter talento com propósito e cultura

Na Recordati, a abordagem ao Employer Branding vai além da atracção de talento, integrando bem-estar, propósito e cultura numa proposta de valor diferenciadora.

 

Numa indústria fortemente competitiva e marcada pela constante inovação, a Recordati tem vindo a reforçar a sua posição como empregador de referência no sector da saúde. Com uma abordagem centrada nas pessoas, a empresa aposta no Employer Branding como um eixo estratégico para atrair e fidelizar talento qualificado, promovendo um ambiente de trabalho inclusivo e alinhado com os valores da organização. Em entrevista à Human Resources, Sónia Gonçalves, directora de Recursos Humanos da Recordati em Portugal, explica como esta estratégia se traduz em acções concretas, desde a aposta na formação e bem-estar dos colaboradores até ao forte compromisso com a sustentabilidade e a diversidade.

 

Que papel estratégico assume o Employer Branding na política de recursos humanos da Recordati em Portugal?
Os nossos pontos estratégicos estão relacionados com: a atracção de talento qualificado, e para isso queremos posicionar a empresa como um empregador de referência no sector da saúde, para atrair profissionais com competências técnicas e científicas específicas; e a fidelização, que é pautada pela promoção de um ambiente de trabalho energizador, que consiga realçar o melhor que cada talento nos pode aportar, criando o alinhamento certo com os valores da empresa. Além disso, criamos acções de responsabilidade social e sustentabilidade, medindo o nosso impacto social, e pautamos as nossas acções pela ética e respeito pelos doentes e pela sociedade como um todo. Sabendo o impacto indelével que a nossa actividade representa na vida de tantas pessoas, queremos desbloquear o máximo potencial da vida de cada um que se cruza connosco.

 

Como é construída a proposta de valor da Recordati enquanto empregador e de que forma esta se diferencia no sector farmacêutico?
É construída com base em vários pilares estratégicos que a diferenciam no sector farmacêutico, especialmente em Portugal. Em primeiro lugar, a missão e o propósito. A Recordati posiciona-se como uma empresa que acredita que a saúde é um direito, não um privilégio. Este propósito é central na nossa proposta de valor, porque queremos atrair profissionais que se identificam com o impacto positivo na vida das pessoas. Por outro lado, distingue-se também a nossa cultura organizacional e gestão de pessoas. A jornada de cada colaborador na Recordati é feita com o intuito de criar uma conexão entre os objectivos individuais e os da empresa, o que exige uma proximidade e um percurso delineado de forma individualizada, porque acreditamos que “one size doesn´t fit all”. Ao mesmo tempo, confiamos que assim fortalecemos o envolvimento, sentido de pertença e reconhecimento interno, posicionando os Recursos Humanos como um elemento estratégico do negócio e a cola que agrega, une pontes, provoca equilíbrios e unifica a organização, respeitando as diferenças.

Investimos na formação contínua e na mobilidade interna, valorizando as nossas pessoas e permitindo progressão de carreira, também, a nível internacional, o que permite alavancar projectos desafiantes que possibilitam aos colaboradores sair da sua zona de conforto e crescer profissionalmente. É também fundamental o bem-estar de quem está connosco e, por isso, a saúde mental e física é um investimento constante. Temos um programa que apoia as nossas pessoas a nível social, judicial, burocrático, médico e psicológico, promovendo exercício físico e uma alimentação equilibrada.

No contexto competitivo da indústria farmacêutica, a Recordati diferencia-se por: ter uma estrutura ágil e colaborativa, apesar da sua dimensão internacional; focar-se tanto em doenças comuns como raras, o que amplia o leque de competências e experiências para os profissionais; promover uma cultura de excelência e inovação, com forte orientação para resultados e ética.

 

De que forma as práticas de bem-estar e saúde mental contribuem para reforçar a atractividade da empresa junto de novos talentos?
As práticas de bem-estar e saúde mental validam a reputação como empregador responsável. Acreditamos muito nessa forma de estar e por isso somos mais atractivos para profissionais que valorizam equilíbrio e propósito.

Quando as nossas pessoas sentem que são cuidadas, transparecem isso para o mercado, e a sua satisfação tem influência na atracção de candidatos para a Recordati.

Uma das coisas que me impactou na empresa foi ter muitas pessoas que estão na Jaba Recordati há 30, 40 anos e que se sentem felizes, bem tratadas e que a empresa cuida da sua saúde. Aliás, reforçámos o investimento no seguro de saúde porque temos pessoas que nesta fase da vida necessitam de maior apoio e nós queremos estar presentes para apoiar em todo o ciclo de vida. Mesmo nos momentos em que já tivemos colegas com doenças mais complexas, como as oncológicas, reforçámos os planos de apoio aos próprios e garantimos suporte às famílias. Para nós é importante que ninguém se sinta para trás, sobretudo, em momentos de maior fragilidade.

 

A sustentabilidade é uma área em crescimento dentro das empresas. Como se traduz o compromisso ESG na marca empregadora da Recordati?
O compromisso ESG da Recordati traduz-se de forma clara e estratégica, reforçando a atratividade da empresa junto de talentos que valorizam responsabilidade social, ambiental e ética corporativa: integração da Sustentabilidade na Estratégia Corporativa- a Recordati adota um modelo de crescimento sustentável, integrando preocupações sociais e ambientais na sua estratégia global, isso demonstra aos candidatos e candidatas que a empresa não visa apenas o lucro financeiro, mas também o impacto positivo no mundo.

A empresa foi reconhecida em Índices ESG: Medalha Gold da EcoVadis (top 5% das empresas avaliadas); Inclusão no MIB ESG Index; Rating A da MSCI ESG Research; Status “Prime” da ISS ESG; Presença na FTSE4Good Index Series. Estes reconhecimentos reforçam a reputação da Recordati como empregadora ética e sustentável.

A nível da Diversidade, Equidade e Inclusão (DEI), a Recordati desenvolveu uma política global de Diversidade e Inclusão, com mais de 50 “Embaixadores internos de DEI”, que são pessoas de diversas áreas da empresa e das diferentes áreas de negócio. O objectivo é desenvolverem um trabalho global e estratégico, garantindo a adopção desta política de forma transversal, tranformando-se naturalmente numa forma de trabalhar e na vivência na organização.

Também promovemos acções concretas em sustentabilidade ambiental, tais como o uso de 100% de energia renovável onde isso é possível. Por exemplo, temos uma frota de carros eléctricos e híbridos, em alguns países a instalação de painéis solares em várias unidades (Irlanda, Espanha, Turquia) e uma meta de reduzir emissões de CO₂ em 20% até 2030.

O nosso compromisso com a comunidade e os pacientes é fundamental para nós. A Recordati investe em programas de apoio a pacientes com doenças raras e realizou globalmente doações de cerca de €2,7 milhões em 2024. A nível local temos várias acções de apoio a instituições como a Ajudaris, a Acreditar, a Casa de Saúde do Telhal e o projecto Orientar, entre outros. Em 2024 fizemos uma grande acção de voluntariado corporativo na Casa de Saúde do Telhal, com um grande impacto para os utentes.

 

Que importância assume a formação e o desenvolvimento de competências dentro da estratégia de Employer Branding da empresa?
A formação e o desenvolvimento de competências são pilares fundamentais na estratégia de Employer Branding da Recordati, que valoriza o desenvolvimento pessoal e profissional dos seus colaboradores, através de programas de capacitação, mentoring, coaching e planos de carreira estruturados. A aposta em upskilling e reskilling permite que a empresa se mantenha competitiva e que os colaboradores estejam preparados para os desafios da transformação digital, sustentabilidade e novas formas de trabalho.

 

Que acções internas são desenvolvidas para garantir que a cultura da empresa é percebida e vivida de forma coerente com os valores da marca?
A Recordati desenvolve diversas acções internas para garantir que a sua cultura organizacional seja vivida de forma coerente com os valores da marca. Através da comunicação clara e contínua dos valores, a empresa reforça os seus valores através de campanhas internas, eventos corporativos e comunicações regulares, garantindo que todos os colaboradores compreendam e se identifiquem com a missão, visão e princípios da organização.

A nível global foi criada uma equipa de Embaixadores de Cultura, com mais de 60 pessoas provenientes de vários países onde a Recordati está presente. Ao longo do ano, de uma forma estruturada, são implementadas várias acções com o objectivo de trazer coesão e vivência dos nossos valores no dia-a-dia. Todos os anos existe, pelo menos uma vez por ano, um encontro global dos embaixadores de cultura e também dos embaixadores de EDI (o próximo vai acontecer já em Junho de 2025), e é um momento de muito brainstorming, partilha e definição de ações concretas, com um roadmap muito focado.

Também temos um questionário “Engagement Survey” que mede o clima organizacional, através de uma escuta activa dos colaboradores, para garantir que a cultura percebida internamente está alinhada com os valores que a empresa deseja transmitir e para corrigir pontos que os colaboradores identifiquem como críticos e desalinhados.

Estes resultados são trabalhados a nível global e são implementadas medidas concretas, com o objectivo de manter os standards que consideramos fundamentais, alinhados com os nossos valores e princípios.

O nosso processo de recrutamento é desenhado para identificar candidatos que partilhem os valores da empresa, promovendo uma integração mais natural e duradoura com a cultura organizacional.

A cultura da empresa também é vivida através do envolvimento activo em projectos sociais, ambientais e de apoio a pacientes, o que reforça o propósito da organização e o sentimento de orgulho entre os colaboradores.

 

A retenção é um desafio transversal a muitas organizações. Que medidas de Employer Branding têm demostrado impacto directo na fidelização de talento?
A Jaba Recordati tem adoptado várias medidas de Employer Branding com impacto directo na retenção de talento, alinhadas com as melhores práticas do sector e com a sua cultura organizacional.

Valorização dos colaboradores como embaixadores da cultura e de EDI: a empresa, ao criar uma rede de embaixadores ajuda a reforçar os seus valores no dia-a-dia.

Academia Recordati: a empresa investe na formação contínua e desenvolvimento de competências, o que demonstra um compromisso com o crescimento profissional dos colaboradores, um factor essencial para a fidelização.

Eventos internos de celebração e reconhecimento, para reforçar o sentimento de pertença e valorização.

Bem-estar e equilíbrio: a empresa tem apostado em iniciativas de bem-estar físico e emocional, incluindo acções de saúde mental, horários flexíveis e apoio ao equilíbrio entre vida pessoal e profissional, que são aspectos cada vez mais valorizados pelos colaboradores;

Escuta activa e feedback, com canais abertos de comunicação com a liderança;

A assinatura da Carta Portuguesa para a Diversidade e a implementação de políticas inclusivas reforçam o compromisso com um ambiente de trabalho inclusivo e equitativo, o que contribui para a retenção de talentos diversos.

Actualmente, temos uma média de idade de 47 anos na empresa, e numa altura em que se discutem políticas sobre o envelhecimento saudável e activo, a Recordati é um exemplo do investimento em profissionais mais séniores, pois consideramos que a idade não é uma barreira. O nosso foco é na competência e no valor adicionado, que pode vir de qualquer pessoa, em qualquer idade.

 

Que papel têm os líderes de equipa e gestores intermédios na consolidação da proposta de valor da empresa como marca empregadora?
São os principais tradutores da estratégia em acção, e a sua actuação tem impacto directo na experiência dos colaboradores. Os líderes são os transmissores da cultura organizacional. Ao viverem e promoverem os valores da empresa no dia-a-dia, ajudam a reforçar a identidade da marca de forma autêntica e coerente.

Os nossos líderes são os facilitadores da escuta activa para recolher feedback, identificar sinais de desmotivação ou desalinhamento, canalizar sugestões e preocupações para o Conselho de Direcção; este papel de ponte fortalece a confiança e o sentimento de pertença. Ao apoiarem o crescimento dos seus colaboradores, através de mentoria, planos de desenvolvimento individual e reconhecimento, os nossos líderes reforçam a proposta de valor da empresa como um local onde é possível evoluir e construir carreira; ao serem um modelo de liderança inclusiva e ao praticar uma gestão baseada na empatia, inclusão e respeito ajudam a criar ambientes seguros, o que é essencial para a retenção e o engagement.

As nossas lideranças são também responsáveis por garantir que as equipas compreendem e se alinham com os objectivos estratégicos da empresa, reforçando o propósito e o impacto do trabalho de cada um. Além disso, são um apoio fundamental nas iniciativas de Employer Branding, pois muitas acções de employer branding, como programas de bem-estar, reconhecimento, formação ou diversidade, só têm impacto real quando são implementadas e reforçadas pelos líderes no terreno.

Eu comecei a minha carreira na área comercial, e fui gestora no terreno de várias equipas. Valorizo imenso o impacto que aí é gerado, para além do grande respeito que tenho por esse trabalho. Acredito que centralmente podemos ser o motor para alavancar, mas é no terreno que as medidas ganham tracção. Se as lideranças forem inspiradoras e viverem os valores de forma indubitável, a adopção das equipas é muito mais forte e coesa.

 

Esta entrevista faz parte do Caderno Especial “Employer Branding” que foi publicado na edição de Maio (nº. 173) da Human Resources.

Pode comprar nas bancas, de norte a sul do país. Caso prefira comprar online, tem disponível a versão em papel e a versão digital.

Ler Mais